Visão

Dizem que só damos valor ás coisas quando as perdemos. O quanto isso é verdade… Falemos de uma coisa que protegemos logo por instinto e ás vezes não damos o valor que tanto merece… Falemos da visão… Será que damos valor à visão quando acordamos? Quando vamos à casa de banho? Quando vamos a qualquer lado? (coisas simples não são? Banais para muitos) Não… não são… porque já estamos habituados ao luxo de ver… Imaginem não ter esse luxo… tentem acordar e mesmo abrindo os olhos nada verem. Não porque não existe luz lá fora, mas porque temos as tuas “janelas” totalmente cerradas!
Imaginem então ir para a casa de banho está tudo escuro, não porque as luzes não acendem, mas porque a escuridão já vem de dentro. O quanto ficamos dependente de 4 coisas, tacto, audição, memória, receio e por isso todo o corpo está em alerta.
Estou temporariamente incapacitado de ver, entrou-me uma limalha para o olho esquerdo. Já estou tratado mas tenho o olho esquerdo fechado e tapado para sarar rápido. Mesmo com a possibilidade de ver com o olho direito, mal o consigo abrir pois por reflexo de abrir o olho direito o esquerdo também se mexe e dói… muito…. As lágrimas são a visita mais frequente, pela dor e pela frustração. Vou ver-me ao espelho, mas os meus vidros estão uma mistura de nublado e lágrimas, só sei da minha imagem graças à minha memória.
As coisas tão importantes que temos e nem damos conta que delas somos tão dependentes, como me foi estranho a mim esta pequena cega aventura para outros também será. Mas… e aqueles que vivem na escuridão e nunca virão outra cor senão preto? Esses são lutadores vencedores desde que acordam até que se deitam. Esta aventura documentada é em vossa honra, de vocês não tenho pena, tenho respeito.